K.O.T.A.
"Em Portugal, 18 mil mulheres abortaram ilegalmente em 2005. 350 mil portuguesas fizeram-no pelo menos uma vez na vida. Estes números revelam a amplitude e a brutalidade de uma realidade escondida.
Estes dados são retirados de um inquérito sistemático sobre a interrupção voluntária da gravidez (IVG). O estudo destaca a solidão das mulheres confrontadas com uma gravidez não desejada, por vezes pouco informadas sobre práticas contraceptivas, e que abortam sem apoio social ou médico. Segundo o estudo, 64,1% das mulheres portuguesas que reconheceram terem abortado em 2005 não tiveram apoio médico e 34,9% fizeram-no num domicílio particular. 72,5% destas mulheres foram informadas, por amigas, sobre a prática do aborto. 46,1 % não usavam qualquer método contraceptivo. Mais de metade têm uma idade entre os 17 e os 24 anos. 25% tomaram a decisão sozinhas e 40,8% consideraram ter sido uma decisão "extremamente difícil".
Perguntadas sobre o método utilizado 35% referem a raspagem, 25% a tomada de comprimidos e 23% a aspiração. Além dissso, 16% afirmaram desconhecer o método utilizado com elas.
Segundo Duarte Vilar, director da AFP, os números estarão abaixo da realidade. " Num país onde a IVG é ainda ilegal, é muito provável que um número importante de mulheres não se atreva a reconhecer a sua prática", sublinha.
Em Portugal, um referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, a pedido da mulher, nas primeiras dez semanas de gravidez, vai realizar-se no próximo dia 11 de Fevereiro. "
JPS/Fonte:AFP
in "A Página da Educação"
nº163, Jan. 2007, p.4