terça-feira, janeiro 23, 2007

Diálogos soltos, 6

Zé Pedro

- Até amanhã!
- Adeus. Adeus. Adeus.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Dá que pensar, 11


K.O.T.A.

"Em Portugal, 18 mil mulheres abortaram ilegalmente em 2005. 350 mil portuguesas fizeram-no pelo menos uma vez na vida. Estes números revelam a amplitude e a brutalidade de uma realidade escondida.

Estes dados são retirados de um inquérito sistemático sobre a interrupção voluntária da gravidez (IVG). O estudo destaca a solidão das mulheres confrontadas com uma gravidez não desejada, por vezes pouco informadas sobre práticas contraceptivas, e que abortam sem apoio social ou médico. Segundo o estudo, 64,1% das mulheres portuguesas que reconheceram terem abortado em 2005 não tiveram apoio médico e 34,9% fizeram-no num domicílio particular. 72,5% destas mulheres foram informadas, por amigas, sobre a prática do aborto. 46,1 % não usavam qualquer método contraceptivo. Mais de metade têm uma idade entre os 17 e os 24 anos. 25% tomaram a decisão sozinhas e 40,8% consideraram ter sido uma decisão "extremamente difícil".

Perguntadas sobre o método utilizado 35% referem a raspagem, 25% a tomada de comprimidos e 23% a aspiração. Além dissso, 16% afirmaram desconhecer o método utilizado com elas.

Segundo Duarte Vilar, director da AFP, os números estarão abaixo da realidade. " Num país onde a IVG é ainda ilegal, é muito provável que um número importante de mulheres não se atreva a reconhecer a sua prática", sublinha.
Em Portugal, um referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, a pedido da mulher, nas primeiras dez semanas de gravidez, vai realizar-se no próximo dia 11 de Fevereiro. "


JPS/Fonte:AFP
in "A Página da Educação"
nº163, Jan. 2007, p.4

domingo, janeiro 14, 2007













Alba Luna



Sedentas de olhares

minhas raízes rasgam

solos duros

riscam palavras de luz

no granito escuro.


Sedentas de olhares

minhas raízes lançam-se

no oceano obscuro

dançam palavras de sol

na água gélida.


Sedentas de olhares

minhas raízes saltam

horizontes nocturnos

gritam palavras de vento

no deserto futuro.


Sedentos de raízes

meus olhares fogem

do país de vidro.



Sandra Cardoso

domingo, janeiro 07, 2007

ACEITAÇÃO

Ricardo Zerrenner

É mais fácil pousar o ouvido nas nuvens
E sentir passar as estrelas
Do que prendê-lo à terra e alcançar o rumor dos teus passos.

É mais fácil, também, debruçar os olhos no oceano
E assistir, lá no fundo, ao nascimento mudo das formas,
Que desejar que apareças, criando com teu simples gesto
O sinal de uma eterna esperança.

Não me interessam mais nem as estrelas, nem as formas do mar,
Nem tu.

Desenrolei de dentro do tempo a minha canção:
Não tenho inveja às cigarras: também vou morrer de cantar
.

Cecília Meireles

in Melhores Poemas
Maria Fernanda (sel.)
Global Editora, 2006, p.17

sexta-feira, janeiro 05, 2007

DUELO ARTÍSTICO

Artur Franco


Que importa se morrem?
Que importa se crianças,
de barriga grande, deitam espumas,
de tantas cores, pelas bocas?
Só as cores importam.
Qual será a cor das espumas angolanas?
Será castanho frio no zinco castanho quente?

Que importa?
Só o amor importa.
O nosso amor,
o nosso amor pela nossa vizinha.
Nasce-me água na boca,
(água, não espuma),
porque a nossa vizinha é óptima.
A nossa vizinha é soberba.
Certamente existe um deus, senão,
como poderia existir a nossa vizinha?


José Luís Peixoto
in JL 945, Jan. 2007 p.8

Nota: José Luís Peixoto publicou este poema em 1992, aos 17 anos, no JL nº510, na secção "A Prova dos Novos".