sexta-feira, janeiro 19, 2007

Dá que pensar, 11


K.O.T.A.

"Em Portugal, 18 mil mulheres abortaram ilegalmente em 2005. 350 mil portuguesas fizeram-no pelo menos uma vez na vida. Estes números revelam a amplitude e a brutalidade de uma realidade escondida.

Estes dados são retirados de um inquérito sistemático sobre a interrupção voluntária da gravidez (IVG). O estudo destaca a solidão das mulheres confrontadas com uma gravidez não desejada, por vezes pouco informadas sobre práticas contraceptivas, e que abortam sem apoio social ou médico. Segundo o estudo, 64,1% das mulheres portuguesas que reconheceram terem abortado em 2005 não tiveram apoio médico e 34,9% fizeram-no num domicílio particular. 72,5% destas mulheres foram informadas, por amigas, sobre a prática do aborto. 46,1 % não usavam qualquer método contraceptivo. Mais de metade têm uma idade entre os 17 e os 24 anos. 25% tomaram a decisão sozinhas e 40,8% consideraram ter sido uma decisão "extremamente difícil".

Perguntadas sobre o método utilizado 35% referem a raspagem, 25% a tomada de comprimidos e 23% a aspiração. Além dissso, 16% afirmaram desconhecer o método utilizado com elas.

Segundo Duarte Vilar, director da AFP, os números estarão abaixo da realidade. " Num país onde a IVG é ainda ilegal, é muito provável que um número importante de mulheres não se atreva a reconhecer a sua prática", sublinha.
Em Portugal, um referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, a pedido da mulher, nas primeiras dez semanas de gravidez, vai realizar-se no próximo dia 11 de Fevereiro. "


JPS/Fonte:AFP
in "A Página da Educação"
nº163, Jan. 2007, p.4

5 comentários:

Alberto Oliveira disse...

Por lapso, deixei o meu comment referente a este post, no post anterior. desculpa.

Alba disse...

Pois, a brutalidade das estatísticas é bem necessária num país onde a discussão em torno do referendo tem adquirido laivos de intolerância bizarra...Os mais radicais militantes do "não" tudo fazem para tentar iludir esta realidade! Um bom fim de semana para ti, Sandra.

Unknown disse...

É-me (ou parece-me) fácil ter uma opinião, contudo é muito dificil explicá-la.

Se ao menos pudessemos descobrir onde está a razão...! mas talvez a vida não fizesse tanto sentido...

Anónimo disse...

A primeira frase não deveria ser:
"Em Portugal, 18 mil mulheres abortaram ilegalmente em 2005", mas sim:
"Em Portugal, 18 mil crianças foram mortas ilegalmente em 2005".

Mesmo sabendo que ninguém o faz de ânimo leve, convém não esquecer que são vidas que estão em jogo...

Anónimo disse...

«Para o mundo podes ser apenas uma pessoa, mas para uma pessoa podes ser o mundo. Ama a vida!»