Que importa se morrem?
Que importa se crianças,
de barriga grande, deitam espumas,
de tantas cores, pelas bocas?
Só as cores importam.
Qual será a cor das espumas angolanas?
Será castanho frio no zinco castanho quente?
Que importa?
Só o amor importa.
O nosso amor,
o nosso amor pela nossa vizinha.
Nasce-me água na boca,
(água, não espuma),
porque a nossa vizinha é óptima.
A nossa vizinha é soberba.
Certamente existe um deus, senão,
como poderia existir a nossa vizinha?
José Luís Peixoto
in JL 945, Jan. 2007 p.8
Nota: José Luís Peixoto publicou este poema em 1992, aos 17 anos, no JL nº510, na secção "A Prova dos Novos".
3 comentários:
Hum... Será?
É! Deve existir... mas, à imagem dos humanos, deve esconder-se de alguma(s) realidade(s) para se proteger...
Caro José Luis Peixoto:
É incontornável esta minha tendência: não estar no sítio certo à hora certa (aqui nem foi uma questão de minutos mas de muitos anos... ) que em português corrente se designa por "atraso" e que é coisa de somenos importância(?!). Não fôra assim e aqui estaria eu (também muito mais novo que na actualidade)a comentar este teu poema, tão precocemente escrito mas tão ao meu gosto. Deste modo, apenas te posso dizer que é bom ler poetas como tu; dos dezassete até à idade que te aprouver resistir. Obrigado.
PS: Tens razão. A nossa vizinha "era" soberba...
..............................
Agradeço-te Sandra, a oportunidade que me deste para este encontro-desencontro com o José Luis Peixoto.
JLPeixoto: Uma referência, sempre.
Obrigado Sandra, mais uma vez...
Enviar um comentário