sexta-feira, janeiro 05, 2007

DUELO ARTÍSTICO

Artur Franco


Que importa se morrem?
Que importa se crianças,
de barriga grande, deitam espumas,
de tantas cores, pelas bocas?
Só as cores importam.
Qual será a cor das espumas angolanas?
Será castanho frio no zinco castanho quente?

Que importa?
Só o amor importa.
O nosso amor,
o nosso amor pela nossa vizinha.
Nasce-me água na boca,
(água, não espuma),
porque a nossa vizinha é óptima.
A nossa vizinha é soberba.
Certamente existe um deus, senão,
como poderia existir a nossa vizinha?


José Luís Peixoto
in JL 945, Jan. 2007 p.8

Nota: José Luís Peixoto publicou este poema em 1992, aos 17 anos, no JL nº510, na secção "A Prova dos Novos".

3 comentários:

Unknown disse...

Hum... Será?

É! Deve existir... mas, à imagem dos humanos, deve esconder-se de alguma(s) realidade(s) para se proteger...

Alberto Oliveira disse...

Caro José Luis Peixoto:

É incontornável esta minha tendência: não estar no sítio certo à hora certa (aqui nem foi uma questão de minutos mas de muitos anos... ) que em português corrente se designa por "atraso" e que é coisa de somenos importância(?!). Não fôra assim e aqui estaria eu (também muito mais novo que na actualidade)a comentar este teu poema, tão precocemente escrito mas tão ao meu gosto. Deste modo, apenas te posso dizer que é bom ler poetas como tu; dos dezassete até à idade que te aprouver resistir. Obrigado.

PS: Tens razão. A nossa vizinha "era" soberba...


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Agradeço-te Sandra, a oportunidade que me deste para este encontro-desencontro com o José Luis Peixoto.

Anónimo disse...

JLPeixoto: Uma referência, sempre.

Obrigado Sandra, mais uma vez...