terça-feira, novembro 25, 2008




Na inconstância da acção
Resta-nos o olhar que não mente
E que só nós vemos.
A pergunta, mais do que simples,
Arrasta a dolorosa certeza.
Conseguiremos viver de olhares?


Sandra Cardoso

segunda-feira, novembro 17, 2008

José Saramago
16 de Novembro de 2008

Dizem-me que as entrevistas valeram a pena. Eu, como de costume, duvido, talvez porque já esteja cansado de me ouvir. O que para outros ainda lhes poderá parecer novidade, tornou-se para mim, com o decorrer do tempo, em caldo requentado. Ou pior, amarga-me a boca a certeza de que umas quantas coisas sensatas que tenha dito durante a vida não terão, no fim de contas, nenhuma importância. E porque haveriam de tê-la? Que significado terá o zumbido das abelhas no interior da colmeia? Serve-lhes para se comunicarem umas com as outras? Ou é um simples efeito da natureza, a mera consequência de estar vivo, sem prévia consciência nem intenção, como uma macieira dá maçãs sem ter que preocupar-se se alguém virá ou não comê-las? E nós? Falamos pela mesma razão que transpiramos? Apenas porque sim? O suor evapora-se, lava-se, desaparece, mais tarde ou mais cedo chegará às nuvens. E as palavras? Aonde vão? Quantas permanecem? Por quanto tempo? E, finalmente, para quê? São perguntas ociosas, bem o sei, próprias de quem cumpre 86 anos. Ou talvez não tão ociosas assim se penso que meu avô Jerónimo, nas suas últimas horas, se foi despedir das árvores que havia plantado, abraçando-as e chorando porque sabia que não voltaria a vê-las. A lição é boa. Abraço-me pois às palavras que escrevi, desejo-lhes longa vida e recomeço a escrita no ponto em que tinha parado. Não há outra resposta.

domingo, novembro 16, 2008

Sonhos

Sentada à proa do destino
Obscuro, procuro a voz da estrela
Norte enquanto tu lês
Homero e decoras versos da
Odisseia e gestos de herói.
Só a pronúncia estraga o teu disfarce.


Sandra Cardoso

quarta-feira, novembro 12, 2008

quarta-feira, novembro 05, 2008

Diálogos soltos, 13

Lúcia Pedro

-Quando voltas?

- Não sei ... se volto.

terça-feira, novembro 04, 2008

Raphael



Uma voz irresistível...