quarta-feira, abril 25, 2007

Crianças

Artur Franco


Nós, as crianças,

Queremos brincar

Em liberdade

Em qualquer lugar.



Queremos brincar aqui,

Sem haver prisões, sem armas, sem tiros e sem ladrões.



Não queremos mais a fome.

Não queremos mais a guerra.

Não queremos mais o ódio.

Não queremos mais mentira.

Queremos paz em toda a Terra.



Queremos brincar ao sol,

Como uma flor.

Nós, as crianças,

Queremos amor!


Nota: Este foi o primeiro poema que eu disse em público. Deveria ter cerca de seis anos. Infelizmente, não sei quem é o autor. Mas o poema...nunca mais o esqueci. A mensagem continua actual.

terça-feira, abril 24, 2007

segunda-feira, abril 23, 2007

Dia Mundial do Livro

A.M.Pinto da Silva

Um livro é um amigo eterno.

Sandra Cardoso

Os livros. A sua cálida,

terna, serena pele. Amorosa

companhia. Dispostos sempre

a partilhar o sol

das suas águas. Tão dóceis,

tão calados, tão leais.

Tão luminosos na sua

branca e vegetal e cerrada

melancolia. Amados

como nenhuns outros companheiros

da alma. Tão musicais

no fluvial e transbordante

ardor de cada dia.

Eugénio de Andrade

Ofício de Paciência

quinta-feira, abril 19, 2007

Diálogos soltos, 9

Erik Reis


- Carro novo ... Parabéns!
- Bem, não é o carro dos meus sonhos ...
- Que sorte! Assim podes continuar a sonhar!

quarta-feira, abril 18, 2007

LES SÉPARÉS

N'écris pas.
Je suis triste, et je voudrais m'éteindre.
Les beaux étés sans toi, c'est la nuit sans flambeau.
J'ai refermé mes bras qui ne peuvent t'atteindre,
Et frapper à mon coeur, c'est frapper au tombeau.
N'écris pas !

N'écris pas.
N'apprenons qu'à mourir à nous-mêmes.
Ne demande qu'à Dieu... qu'à toi, si je t'aimais !
Au fond de ton absence écouter que tu m'aimes,
C'est entendre le ciel sans y monter jamais.
N'écris pas !

N'écris pas.
Je te crains ; j'ai peur de ma mémoire ;
Elle a gardé ta voix qui m'appelle souvent.
Ne montre pas l'eau vive à qui ne peut la boire.
Une chère écriture est un portrait vivant.
N'écris pas !

N'écris pas ces doux mots que je n'ose plus lire :
Il semble que ta voix les répand sur mon coeur ;
Que je les vois brûler à travers ton sourire ;
Il semble qu'un baiser les empreint sur mon coeur.
N'écris pas !



Marceline Desbordes-Valmore
(1786-1859)

terça-feira, abril 17, 2007

Diálogos soltos, 8

Pedro Soares
- Para sempre?
- Para ... sempre.
- Achas demais?
- Sonhar nunca é demais !

sexta-feira, abril 13, 2007

TESTAMENTO

Luís Rosa


Vou partir de avião
e o medo das alturas misturado comigo
faz-me tomar calmantes
e ter sonhos confusos

Se eu morrer
quero que a minha filha não se esqueça de mim
que alguém lhe cante mesmo com voz desafinada
e que lhe ofereçam fantasia
mais que um horário certo
ou uma cama bem feita

Dêem-lhe amor e ver
dentro das coisas
sonhar com sóis azuis e céus brilhantes
em vez de lhe ensinarem contas de somar
e a descascar batatas

Preparem a minha filha
para a vida
se eu morrer de avião
e ficar despegada do meu corpo
e for átomo livre lá no céu

Que se lembre de mim
a minha filha
e mais tarde que diga à sua filha
que eu voei lá no céu
e fui contentamento deslumbrado
ao ver na sua casa as contas de somar erradas
e as batatas no saco esquecidas
e íntegras


Ana Luísa Amaral

Minha Senhora de Quê
Quetzal Editores
Lisboa, 1999