AMA COMO A ESTRADA COMEÇA
Mário Cesariny
in Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa
Eugénio de Andrade (org.)
Campo das Letras, 2000, p.488
quantas vezes, olhando as estrelas, não as viste, porque não querias
AMA COMO A ESTRADA COMEÇA
Mário Cesariny
in Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa
Eugénio de Andrade (org.)
Campo das Letras, 2000, p.488
Ponto final
(Nem sempre o ponto é final, pois facilmente pode ser transformado, e deve até poder ser transformado, em dois pontos, ou em ponto e vírgula, ou em ponto de interrogação ou até, o sinal de que eu mais gosto, em reticências ... e aí nascem novas possibilidades!)
Sandra Cardoso
(Não, não é fechar simplesmente. Pressiona-os com as pontas dos dedos para que a penumbra passe a escuridão. Sentirás, então, a passagem para um tempo e um espaço nulos.)
- Vejo um barco, no oceano.
- Impossível. Eu amarrei-o ao cais.
- Soltaram-se os ventos.
- Impossível. Eu recolhi as velas.
- Há muito que as vogais as ergueram.
- Impossível. Eu arranquei a bússola.
- ...
-No oceano, sem bússola ...
Montada na garupa do cavalo
Selvagem ao vento pela planície
Montanhosa do passado que calo
Pálido fado meu fio amacie
O mar revolto e um sôfrego talo
De secreto sonho a manhã ondeie
Com suas róseas mãos possa plantá-lo
E meu coração de pedra incendeie
Sandra Cardoso