Chove.
A grua indica o caminho.
A gaivota pousa na grua.
Olha o mar.
Chove.
Em que pensará a gaivota pousada na grua
Alta
Olha o mar
Olha a minha sala
Olha-me sentada no sofá ou deitada
O sofá
A gaivota à chuva olha o mar
Eu sentada ou deitada ouço o mar
E não chove
No sofá
Não
Chove
Na grua alta que mostra o mar à gaivota
E a mim
O que mostra o sofá?
A gaivota parte
E a mim
O que mostra o sofá?
Fica a grua
Fica o sofá
Fico.
O que mostra o sofá?
Chove.
Sandra Cardoso
3 comentários:
Que inveja da gaivota! Nem deve ter consciência do privilégio que tem ao poder "ganhar tempo" a olhar o mar...
E a mim - que desejava poder desfrutar mais frequentemente dessa oportunidade - que me mostra o tempo investido com o objectivo de poder ir e ver mais longe?
Se calhar ainda sou mais inconsciente do que a gaivota... não vejo, do cimo da grua, algo que a azafama presente esconde mas promete.
Se calhar é porque hoje chove. Mas sei que a vida é repleta de ciclos e que o sol volta a aparecer... e que vou ser capaz de perceber os benefícios da chuva e aprender com o que me mostrou a apatia do sofá!
Parabéns, Sandra!
Beijinhos
Chove?... Que bom, dá para fantasiar, dá para imaginar o frio, dá para imaginar o estar agarrado a alguém que se goste e que goste de nós. Chove,... chuva é doçura, doçura implica ternura.
Fica bem.
Um beijinho para ti.
Manuel
O Inverno pode ser bonito:
Não temos asas de voar mas podemos dançar à chuva para sentir os corpos mais de perto: transparentes...
Parabéns. Bj
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