Andava sempre consigo, o pano. Dera-lho o avô, o melhor tocador de bombo que Trás-os-Montes conhecera. Tinha nove anos e nunca mais o largou. Motivo de grandes zaragatas com a mãe que cismava que o havia de lavar todas as semanas, com os lençóis, o pano acompanhou-o para todo o lado, escondido. Foi só aos vinte anos, quando decidiu o seu caminho, que, inconscientemente, o tirou do bolso e, pela primeira vez, nele guardou o sal da música. Ontem, quando se preparava para mergulhar, uma vez mais, no pano, não conseguiu disfarçar a perplexidade de ver o ar de orgulho do seu avô a surgir, como uma melodia.
sandra cardoso
(baterista Jorge Oliveira)
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