sexta-feira, novembro 17, 2006

Tecelão de Falsidades















Isabel Gomes da Silva


O manto que trago vestido
Teceste-o com as tuas mãos
Com fios de vento e de mar
De sol, de sonho, de luar
Azul em toda a extensão

Traz bordado a oiro e a prata
O canto das aves, o perfume do jasmim
Por qualquer lado que passo
Admiram a sua graça
E o rebordo de marfim

Mas eu vi um fio puxado
No manto que tu me teceste
E agora, por onde passo
Desfaz-se o teu manto lasso
Que ao meu coração trago preso

Escurece tristemente o luar
O sol arrefece o azul do meu mar
E nas canções que o vento me traz
Todo o sonho se desfaz
Só ouço o grito das aves
E o meu perfume já nem tu sabes.


Tecelão, ó Tecelão,
Não sabias que fios atados
De falsidades
Se desfaziam
em mim?


Paulo Medeiros

Sandra Cardoso
in JN, 23 Set. 2006, p.48

6 comentários:

Anónimo disse...

Qualquer brisa de mar será recordada com alegria, mesmo sem saber a que praia regressa amanhã...
Não importa que me digam: "O mar não existe". Somos 80% de água salgada...
Bj

Som do Silêncio disse...

Tão bonito....
Adorei!!!

mfc disse...

A eternidade é um momento... que queremos, em vão, que perdure!

Joker disse...

A falsidade acaba por romper o manto, por mais rico que seja...

Gostei das fotos que usaste para ilustrar o poema...subtis...!


Cheers

Alberto Oliveira disse...

esqueceu o seu perfume
que as malhas que o império tece
geram lágrimas, e queixume
... tão parco amor arrefece.


Legível ao tear.

Anónimo disse...

Já comecei a preparar-te um novo manto...com fios de amizade!!

Bejinho

Luísa