Geoffroy Demarquet
DISSE-ME O CEGO NA ESTRADA
Disse-me o cego na estrada,
sem nenhum constrangimento,
Que andar à beira do abismo
é difícil, mas que a luz
avisa, fora das pálpebras
e a direção se conhece
pela brisa sobre a barba.
Ele andava pelos muros,
à beira dos precipícios
funâmbulo e equilibrista,
com o vento aberto na barba
e o sol nas fanadas pálpebras
Os videntes caminhavam
agarrando o muro e o chão,
pisando a sombra do cego
e as palavras que dizia.
Se algum vidente caísse
com toda a certeza, o cego
rápido o levantaria.
Cecília Meireles
in Cecília Meireles
Melhores Poemas
Maria Fernanda (sel.)
Global, 2006, p.160
DISSE-ME O CEGO NA ESTRADA
Disse-me o cego na estrada,
sem nenhum constrangimento,
Que andar à beira do abismo
é difícil, mas que a luz
avisa, fora das pálpebras
e a direção se conhece
pela brisa sobre a barba.
Ele andava pelos muros,
à beira dos precipícios
funâmbulo e equilibrista,
com o vento aberto na barba
e o sol nas fanadas pálpebras
Os videntes caminhavam
agarrando o muro e o chão,
pisando a sombra do cego
e as palavras que dizia.
Se algum vidente caísse
com toda a certeza, o cego
rápido o levantaria.
Cecília Meireles
in Cecília Meireles
Melhores Poemas
Maria Fernanda (sel.)
Global, 2006, p.160
11 comentários:
Uma vez fingi de cego, na rua. Já muitos o fizeram sobretudo quando eram putos, imunes ainda à ira popular do «Não faças isso que deus nosso senhor pode castigar-te!»
Uma vez fingi de cego, na rua. Foi ontem, no Rossio. Para poder tocar (inadvertidamente, pois claro!) a face aveludada daquela bela mulher parada ao pé da banca dos jornais. Calculei mal o tempo e o espaço e acabei por me abraçar embaraçado ao vendedor dos jornais.
Pelo canto do olho ainda pude ler a caxa de "O Público": "Cego em contra-mão, espista-se na 125."...
beijo e parabéns pelo blog.
... despista-se é que é.
Isto de andar a teclar de olhos fechados tem muito que se lhe diga...
Deixei passar uns tempos propositadamente.
É tempo agora de te dizer que apreciei a forma que escolheste para dar corpo à ideia do blogue.
Parabéns.
Um cego caminhando à beira do abismo. Quem não se sentiu assim? Mas os poetas sabem dizê-lo.
Boa escolha.
Beijinhos.
Tão bonito....
Adorei!
O acesso às palavras tem-me sido dificultado pelo cansaço... no entanto, não posso deixar de reiterar o quanto aprecio o que aqui nos tens oferecido.
Este poema é muito bonito e a mensagem (que me parece tão dura) é tão real...
Beijinho e bom fim-de-semana!
Sandra,
Este teu canto é muito agradável...
Beijinho grande...
Obrigada pelo carinho
Nani
Muito bonito o teu blog. Eu gosto muito de ler e fazer poesia, assim, aqui deverei retornar mais.
SE LEMBRA
Por todas as ruas, onde ando sozinho,
Eu ando sozinho, com você.
E você que nem se lembra mais,
Se lembra.
Do jeito que eu fui, tão dedicado, meu amor,
Vejo com saudade, a rua, a cerca, o espinho a flor,
Tantos gestos fis, prá lhe falar, lhe ver sorrir,
Você se lembra?
Ainda ando sozinho, eu nã nem sei se ando,
Eu ando sonhando como você.
E você que nem se lembra mais,
Se lembra.
Do jeito que eu sou, tão complicado, meu amor.,
Fico encabulado, quando vou pegar uma flor.
E há tantos gestos mais para entender, e essa canção.
Prá você lembrar.
Com um beijo
Naeno
'o amor só serve para deixar saudaes'
Pensei que ainda não tinha visita o teu blog mas já o fis.
Resta-me aguardar o carro que foi, que é passageiro, leva gente e traz notícias e gente.
Naeno
ô mana deixa eu ir,
ô mana eu vou só,
ô mana deixa e ir,
pro sertão de Caicó.
Dois bêbados, extremamente, um fora de si e o outro flora de de si, de si, e de si do outro, vinham andando a pés. Quando um teve uma idéia... Compadre vamos tomar um taxi. Ao que o outro respondeu, não, não, não, compadre, se eu misturar vou me embriagar.
Um beijo
Naeno
Pois a cegueira... é cego apenas o de alma!!!
Cumprimentos mixed by Jameson 12 anos!
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