quarta-feira, setembro 20, 2006

A veia do poeta


imagem de Sissi

Cansado do movimento
Que percorre a linha recta
Fui ficando mais atento
Ao voo da borboleta
Fui subindo em espiral
Declarando-me estafeta
Entre o corpo do real
E a veia do poeta

Mas ela não se detecta
À vista desarmada
E o sangue que lá corre
Em torrente delicada
É a lágrima perpétua
Sai da ponta da caneta
Vai ao fim da via láctea
E cai no fundo da gaveta

Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
Numa folha secreta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
No fundo de uma gaveta
Ai de quem nunca injectou
Um pouco da sua mágoa
Na veia do poeta


Carlos Tê/Rui Veloso

in A espuma das Canções
2005 EMI Music Portugal, Lda

2 comentários:

Ana Luar disse...

Ai de quem...
Tantas são as magoas que o papel me conhece que um dia as folhas enegrecem com a minha escrita.

beijo eterno... sem mágoa.

Catarina Alves disse...

Passei por aqui, e voltarei...

Boa escolha, Parabéns.

Nani