
Cansado do movimento
Que percorre a linha recta
Fui ficando mais atento
Ao voo da borboleta
Fui subindo em espiral
Declarando-me estafeta
Entre o corpo do real
E a veia do poeta
Mas ela não se detecta
À vista desarmada
E o sangue que lá corre
Em torrente delicada
É a lágrima perpétua
Sai da ponta da caneta
Vai ao fim da via láctea
E cai no fundo da gaveta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
Numa folha secreta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
No fundo de uma gaveta
Ai de quem nunca injectou
Um pouco da sua mágoa
Na veia do poeta
Carlos Tê/Rui Veloso
in A espuma das Canções
2005 EMI Music Portugal, Lda
2 comentários:
Ai de quem...
Tantas são as magoas que o papel me conhece que um dia as folhas enegrecem com a minha escrita.
beijo eterno... sem mágoa.
Passei por aqui, e voltarei...
Boa escolha, Parabéns.
Nani
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