
Isabel Gomes da Silva
O manto que trago vestido
Teceste-o com as tuas mãos
Com fios de vento e de mar
De sol, de sonho, de luar
Azul em toda a extensão
Traz bordado a oiro e a prata
O canto das aves, o perfume do jasmim
Por qualquer lado que passo
Admiram a sua graça
E o rebordo de marfim
Mas eu vi um fio puxado
No manto que tu me teceste
E agora, por onde passo
Desfaz-se o teu manto lasso
Que ao meu coração trago preso
Escurece tristemente o luar
O sol arrefece o azul do meu mar
E nas canções que o vento me traz
Todo o sonho se desfaz
Só ouço o grito das aves
E o meu perfume já nem tu sabes.

Tecelão, ó Tecelão,
Não sabias que fios atados
De falsidades
Se desfaziam
em mim?
Paulo Medeiros
Sandra Cardoso
in JN, 23 Set. 2006, p.48
6 comentários:
Qualquer brisa de mar será recordada com alegria, mesmo sem saber a que praia regressa amanhã...
Não importa que me digam: "O mar não existe". Somos 80% de água salgada...
Bj
Tão bonito....
Adorei!!!
A eternidade é um momento... que queremos, em vão, que perdure!
A falsidade acaba por romper o manto, por mais rico que seja...
Gostei das fotos que usaste para ilustrar o poema...subtis...!
Cheers
esqueceu o seu perfume
que as malhas que o império tece
geram lágrimas, e queixume
... tão parco amor arrefece.
Legível ao tear.
Já comecei a preparar-te um novo manto...com fios de amizade!!
Bejinho
Luísa
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